Bispos relatam sobre construção das novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil
Na tarde desta quinta-feira, 20 de abril, durante a segunda coletiva de imprensa da 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o arcebispo de Santa Maria (RS), dom Leomar Antônio Brustolin, relatou o processo de como tem sido realizada a construção das novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, que deve levar em consideração o Sínodo dos Bispos.
Dom Leomar destacou que, para a elaboração do texto das Diretrizes, está sendo realizado um processo de escuta, com o objetivo de traçar o caminho que a Igreja irá percorrer nos próximos quatro anos.
A proposta é que o documento seja publicado em 2025 e que o princípio da fé seja seu eixo principal. Reflexões sobre com qual linguagem deve-se anunciar a verdade, em momentos de pluralidade, serão levadas em consideração para a confecção do texto.
“Estamos identificando o que há de novo desde a publicação da anterior: primeiro o fascínio pelas novas tecnologias, que tanto aproximam quanto distanciam as pessoas; o drama crônico da pobreza e da desigualdade social; jovens não preocupados com o futuro; isso tudo são apelos para nós”, explicou dom Leomar.
Outros desafios, segundo o arcebispo, são o de como transmitir a fé às novas gerações (crianças e jovens); como superar a questão do individualismo, sinal dos novos tempos; e como reacender o senso de pertença eclesial.
Palavras-chaves
O arcebispo de Santa Maria revelou que o texto das novas diretrizes terá como palavras-chaves as mesmas que caracterizam o processo do Sínodo dos Bispos – comunhão, participação e missão. A comunhão, segundo dom Leomar, envolverá o processo de como formar comunidades integradas na pluralidade de experiências; como fazer das paróquias casa e lugar de irmãos.
No quesito da participação, o texto deve apontar caminhos de como trabalhar o senso de pertença, os ministérios ordenados e o ministério de leigos. Já a dimensão missionária passará a ser uma transversalidade das diretrizes.
Perguntas
Durante a coletiva, algumas perguntas foram direcionadas a dom Leomar. Uma delas foi a de como pode-se resgatar a unidade diante da fragmentação, no texto das diretrizes. Segundo dom Leomar, o primeiro ponto é que deve-se entender que “ser católico é aceitar formas diferentes de se pensar”.
“Não devemos mais esquecer que o nosso fundamento deve ser sempre a fé e que nada pode nos dividir. Integrar as diferenças, mas nada antepor a Jesus Cristo. As Diretrizes deverão buscar uma integração das diferenças”.
Outra questão respondida por dom Leomar foi a de que maneira as Diretrizes aperfeiçoam o modo de anunciar Jesus Cristo.
“Certamente nós podemos dizer que a Igreja existe para evangelizar. As diretrizes deverão incentivar uma experiência de iniciação à vida cristã; a unidade, a comunhão, o senso de pertença”.
Por último, dom Leomar respondeu como pode-se fomentar esse tipo de práticas (de escuta).
“A escuta pode ser seletiva, mas essa proposta de ampliar a escuta é indispensável. Escutar também o que não gostamos de ouvir. É fundamental escutarmos os que se afastam da Igreja, para ver qual é a percepção da presença pública da Igreja em uma sociedade como a nossa. E essa escuta precisa ser inclusiva e digital para que possamos ir ao encontro daqueles que estão em outros aerópagos”.
Outras participações
Nesse segundo dia da Assembleia participaram também da coletiva de imprensa, o dom Edmar Peron, bispo de Paranaguá (PR), que fez uma apresentação da tradução brasileira da terceira edição típica do Missal Romano, aprovada pela Santa Sé; e dom Pedro Cipollini, bispo de Santo André (SP), que realizou um balanço das atividades realizadas pela Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé da CNBB.
Fonte: cnbb.org.br